LGBTQIAPN+ e Mulheres Negras no mercado de trabalho

A diversidade e inclusão são temas que devem estar sempre em pauta, pois sabemos que a realidade para muitos ainda está longe de ser ideal, especialmente para pessoas LGBTQIAPN+ e Mulheres Negras Latinoamericanas e Caribenhas no mercado de trabalho. Estudos recentes mostram que essas comunidades continuam a enfrentar preconceitos e discriminações significativas, apesar dos avanços sociais e legislativos.

Desafios para a Comunidade LGBTQIAPN+

Uma pesquisa recente da iO Diversidade, realizada em parceria com o Instituto Locomotiva e a QuestionPro, revela que quatro a cada dez pessoas da comunidade LGBTQIAPN+ afirmam ter sofrido preconceito ou discriminação no ambiente de trabalho. Mesmo com diversas iniciativas para tornar os ambientes corporativos mais inclusivos, 52% dos colaboradores LGBTQIAP+ afirmam sofrer preconceito frequentemente. Além disso, 45% das pessoas não falam sobre sua orientação sexual para ninguém no trabalho, o que evidencia um ambiente ainda hostil e inseguro para muitos.

A LGBTQIAPN+fobia, termo que abrange todas as expressões de identidade de gênero e orientação sexual que fogem ao padrão cis/hétero, é um problema persistente. Casos de discriminação são frequentemente levados à Justiça do Trabalho, como exemplificado pela decisão da 26ª Vara do Trabalho de São Paulo, que condenou uma empresa ao pagamento de indenização por danos morais a um garçom hostilizado pelo empregador por ser homossexual e usar cosméticos.

Além do mais, os desafios se intensificam quando analisamos a representatividade em cargos de liderança. Homens gays ocupam mais cargos de liderança, apesar de a maioria dos colaboradores LGBTQIAP+ serem bissexuais. Esse cenário reflete o machismo e a valorização do masculino cisgênero heterossexual, que ainda prevalece nas estruturas organizacionais. Portanto, é crucial que a própria comunidade LGBTQIAPN+ questione e combata essas desigualdades internas.

Desigualdades Salariais e Barreiras no Mercado de Trabalho

Segundo a última pesquisa da Deloitte sobre “Diversidade, Equidade e Inclusão nas Organizações”, realizada em 2023, as organizações que atuam no Brasil estão conscientes sobre o valor que as iniciativas de DE&I agregam à estratégia de negócio e já implementaram diversas ações estruturais e de governança. Contudo, ainda se observam desafios relacionados à resistência de outros profissionais da organização com membros de grupos minorizados e baixa adesão das lideranças nesse tópico. Além disso, a pesquisa global da Deloitte LGBT@Work indica que um terço dos entrevistados está procurando mudar para um empregador mais inclusivo LGBT+ e que comportamentos não inclusivos são vivenciados no trabalho por 42% dos entrevistados.

Esses dados destacam, portanto, a importância de se criar ambientes de trabalho mais inclusivos e acolhedores, onde todos possam se sentir seguros para expressar sua identidade e orientação sexual sem medo de retaliações ou prejuízos profissionais.

Mulheres Negras Latinoamericanas e Caribenhas no Mercado de Trabalho

O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana, Caribenha e da Diáspora celebra a luta dessas mulheres por direitos humanos e melhores condições de vida. Na América Latina e no Caribe, a população afrodescendente representa cerca de 21% da região e é a mais afetada pelo racismo, xenofobia e discriminação de gênero.

Ademais, as mulheres negras enfrentam enormes disparidades no mercado de trabalho. Segundo a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), elas recebem os salários mais baixos, mesmo com níveis educacionais equivalentes aos de outros grupos. São também as mais afetadas pela pobreza, especialmente em famílias monoparentais, e a pandemia de Covid-19 agravou ainda mais essas desigualdades. No Brasil, 54% das mulheres que passaram a cuidar de familiares durante a pandemia eram afrodescendentes, muitas vezes sem apoio externo.

Além disso, a maior parte do trabalho doméstico remunerado na região é realizada por mulheres afrodescendentes, com uma prevalência significativa de informalidade. As disparidades salariais e a falta de oportunidades são problemas constantes. Por exemplo, mulheres negras ganham apenas 44,4% do que homens brancos recebem, segundo dados do IBGE.

Portanto, é fundamental continuar a promover políticas de igualdade de gênero e raça, visando reduzir essas desigualdades e garantir condições mais justas e equitativas para todas as mulheres negras na região.

Letramento e Capacitação para LGBTQIAPN+ e Mulheres Negras Latinoamericanas e Caribenhas no mercado de trabalho

Imagem ilustrativa de pessoas diversas em uma mesa representando as capacitações.
Fonte: Freepik

O letramento sobre questões raciais é, portanto, fundamental para combater as discriminações sofridas por pessoas LGBTQIAPN+ e mulheres negras no mercado de trabalho. Instituições como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social (ETHOS) e a ONU Mulheres têm documentado amplamente essas disparidades. As desigualdades de oportunidades no mercado de trabalho, tanto formal quanto informal, são uma realidade constante no cotidiano das mulheres negras.

Além disso, Patrícia Lima, diretora executiva do Instituto Trabalho Decente (ITD), ressalta que a disparidade de renda é um dos maiores desafios para mulheres negras. Elas ganham significativamente menos que seus colegas homens brancos e até mesmo menos que homens negros, o que está diretamente relacionado com a situação de pobreza e desigualdade que enfrentam no mundo do trabalho.

Caminhos para a Inclusão e Igualdade

Promover a diversidade de pensamento e inclusão é, sem dúvida, fundamental para acelerar a inovação e melhorar o desempenho organizacional. As iniciativas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) têm mostrado resultados positivos, mas ainda enfrentam resistência dentro das empresas. A pesquisa da Deloitte sobre “Diversidade, Equidade e Inclusão nas Organizações” indica que, apesar das ações estruturais, a adesão das lideranças ainda é baixa, e comportamentos não inclusivos são comuns.

Para promover um ambiente de trabalho verdadeiramente inclusivo, é necessário um esforço contínuo de toda a sociedade. Isso inclui, por exemplo, educação sobre questões raciais e de gênero, políticas públicas eficazes, e o compromisso das organizações em combater ativamente o preconceito e a discriminação.

A diversidade não é apenas um imperativo moral, mas também um motor de inovação e sucesso. Ao reconhecer e valorizar as contribuições de pessoas LGBTQIAPN+ e Mulheres Negras Latinoamericanas e Caribenhas, construímos um futuro mais justo e próspero para todos.

Para saber mais sobre o assunto, acesse: Artigo sobre diversidade no recrutamento e Artigo sobre trabalho mais inclusivo

Evento DEI Match – Orgulho e Resiliência no Mercado de Trabalho:

LGBTQIAPN+ e Mulheres Negras Latinoamericanas e Caribenhas no mercado de trabalho

Folder de anúncio do evento DEI Match.

A iniciativa do circuito de bate-papos DEI Match busca promover a interação e troca de experiências entre pessoas que consideram Diversidade, Equidade e Inclusão pilares em suas vidas pessoais e profissionais, construindo uma rede de suporte, aprendizado e fomento da #DEI. Venha se inspirar e aprender com as experiências e insights de nossas convidadas: Eliane Melo (HRBP na Suzano e Consultora de DE&I), Amanda Abreu (Co-fundadora da Indique Uma Preta) e Andréia Jesus (Gerente de CDDXP, Diversidade e Seleção na Matchbox).

Junte-se a nós para um diálogo aberto e construtivo, onde compartilharemos experiências, ideias e insights para promover um mercado de trabalho e uma sociedade mais inclusiva e diversa.

 Data: Sexta-feira, 26.07
 Horário: 11h30
 Local: Transmissão pelo LinkedIn 

Juntos, vamos fortalecer laços, ampliar horizontes e criar um mundo mais justo e acolhedor para todos. 

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Fernanda Araldi

Fernanda é analista de Comunicação na Matchbox. Tem formação em Relações Públicas e é pós-graduanda em Direitos Humanos e Responsabilidade Social.

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