A neurociência como diferencial competitivo na seleção de novos talentos

Entender diferentes perfis comportamentais é fundamental no trabalho de seleção em Programas de Trainee, por isso, se apropriar de estudos como a neurociência pode ser um grande investimento estratégico para recrutar talentos de forma assertiva. 

O que é neurociência

A neurociência é o estudo multidisciplinar do sistema nervoso que tem como objetivo compreender como ele se relaciona com o comportamento e as emoções humanas. Envolve análises aprofundadas sobre a estrutura e funcionamento de áreas do cérebro, medula espinhal e nervos. 

É uma área que integra conhecimentos de diversas disciplinas, como biologia, química, física e psicologia, para desvendar processos biológicos complexos, como a comunicação entre neurônios.

Estudar sobre neurociência, dentro do ambiente organizacional, contribui para uma melhor interpretação das ações e emoções, análises mais apuradas sobre perfis comportamentais e uma capacidade maior de desenvolver estratégias de aprendizagem e otimização de produtividade e habilidades cognitivas.

Utilizando a neurociência na seleção de novos talentos

Vivemos em um mundo que tem se reinventado frequentemente, o que faz com que as pessoas também busquem por desenvolvimento pessoal e profissional. Existem fatores externos e internos que impactam na vida dos profissionais, por isso, estudar neurociência pode ser um grande passo para encontrar, ou desenvolver, ferramentas para transformar rotinas de gestão e seleção.

O foco deve migrar de “o que o candidato sabe fazer” para “como o candidato pensa e se comporta sob pressão ou em equipe”. A neurociência oferece uma óptica mais apurada para entender a tomada de decisão, a resiliência e a capacidade de adaptação de um indivíduo, elementos cruciais para o sucesso em ambientes de trabalho dinâmicos.

Integrar a neurociência significa aplicar conhecimentos sobre:

  1. Funções executivas: Avaliar a capacidade de planejamento, atenção, memória de trabalho e flexibilidade cognitiva, que são indicadores de performance em papéis de alta complexidade.
  2. Vieses inconscientes: Conscientizar-se e reduzir ao máximo os vieses que influenciam a avaliação do recrutador, garantindo um processo mais justo e diverso.
  3. Motivação: Identificar o que realmente engaja o cérebro de um talento (desafio, autonomia, propósito) para construir propostas de valor mais alinhadas e duradouras.

Ao estruturar entrevistas e testes com base em princípios neurocientíficos, as empresas elevam a precisão dos processos seletivos, indo além das respostas superficiais e compreendendo a essência do perfil comportamental e cognitivo do candidato.

Neuroplasticidade e o potencial do trainee

Quando falamos em selecionar trainees, estamos na verdade, apostando no futuro. Por isso, o foco não deve estar no currículo recheado, mas sim na capacidade daquele cérebro de aprender e se adaptar rapidamente. É aí que a Neurociência nos apresenta a chave: a neuroplasticidade.

A neuroplasticidade é a habilidade que o nosso cérebro tem de se reestruturar e formar novas conexões ao longo da vida, especialmente quando somos expostos a novos desafios ou aprendizados. Em um Trainee, essa é a competência de ouro. Em vez de perguntar “O que você já fez?”, o recrutador neuro-inspirado pergunta: “Quão rápido você consegue aprender a fazer algo novo?”.

O verdadeiro potencial está na curiosidade e na motivação intrínseca, o impulso que vem de dentro, e não apenas de um salário. A neurociência sugere que devemos buscar candidatos com alta capacidade de processamento cognitivo, ou seja, aqueles que absorvem, analisam e aplicam informações novas com agilidade. No fundo, estamos selecionando a velocidade de aprendizado, e não apenas o conhecimento formal (o QI).

Avaliando a flexibilidade cognitiva e resolução de problemas

Programas de Trainee são feitos de rotações de área, projetos complexos e ambientes que mudam a todo momento. Isso exige uma mente que não “trave” no primeiro obstáculo.

Aqui, o foco neurocientífico se volta para as funções executivas e em como o cérebro gere o pensamento para atingir metas. Duas funções são cruciais para a inovação e adaptabilidade de um Trainee:

  • Flexibilidade Cognitiva: É a capacidade de mudança e adaptabilidade frente à diferentes conceitos e perspectivas. Um candidato com alta flexibilidade consegue sair de uma reunião de marketing e mergulhar em um relatório financeiro sem perder a linha.
  • Memória de Trabalho: É o “bloco de rascunhos” do cérebro. É a habilidade de reter temporariamente informações críticas para manipular e resolver um problema complexo. Um Trainee com boa memória de trabalho consegue manter várias variáveis em mente enquanto busca a melhor solução.

Para avaliar isso, os recrutadores precisam ir além do tradicional. É preciso criar dinâmicas e cases que forcem o candidato a abandonar uma solução inicial e adotar uma nova abordagem sob pressão, observando não só o resultado, mas como ele pensou e se reorganizou.

Entrevistas comportamentais neuro-inspiradas

A entrevista tradicional está fadada a receber respostas “decoradas”. A neurociência nos ajuda a criar um processo que desvenda o pensamento real do candidato, especialmente em momentos de estresse.

Nossos cérebros operam em dois sistemas: o Sistema 1 (rápido, intuitivo e emocional) e o Sistema 2 (lento, racional e lógico). Quando você faz uma pergunta fácil, o Sistema 2 (racional) responde com a versão que ele acha mais adequada ao RH.

Para um processo neuro-inspirado, o objetivo é acionar o Sistema 1 do Trainee, revelando como ele pensa e reage naturalmente. Isso não significa assustar o candidato, mas sim usar técnicas como:

  • Perguntas de cenário de alto risco: Apresentar um dilema ético ou um problema sem resposta certa e observar o ritmo da resposta e a linguagem não verbal. O recrutador avalia como o candidato lida com a incerteza e a pressão.
  • Desafio cognitivo leve: Incluir uma pequena inversão de papéis ou um case inesperado no meio da conversa. O controle emocional e a capacidade de reorientação que o candidato demonstra são insights valiosos sobre seu potencial de liderança e resiliência.

Ao observar esses sinais, o RH consegue ir muito além do que o candidato diz que é, focando no que o cérebro dele demonstra ser. Isso transforma a entrevista em uma poderosa ferramenta de previsão de sucesso.

Comece a entender o potencial

A seleção de Trainees é um dos maiores investimentos que uma empresa faz no futuro. No entanto, contar apenas com entrevistas tradicionais e currículos polidos é como tentar adivinhar o resultado de um jogo de alto risco.

A neurociência chega para mudar esse cenário.

Ao aplicar princípios sobre neuroplasticidade, funções executivas e viéses cognitivos, é possível transformar o recrutamento de um processo subjetivo em uma análise estratégica e muito mais precisa. Não se trata mais de contratar quem parece mais preparado, mas sim de identificar o jovem talento que demonstra maior potencial de aprendizado, flexibilidade e resiliência, habilidades críticas para o sucesso no mundo corporativo de hoje.

Empresas que integram a neurociência em programas de trainees não estão apenas modernizando seus processos; elas estão, de fato, garantindo que seu pipeline de liderança seja composto por mentes ágeis, adaptáveis e prontas para inovar. Deixe de lado o “achismo” e use a ciência para mapear o futuro da sua organização.

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