Geração Z x o emprego corporativo

Por que as novas gerações não se contentam mais com um cargo bonito, mas buscam por uma atuação profissional com significado.

O artigo do escritor britânico, Alex McCann, ganhou uma nova proporção ao abordar não apenas as insatisfações da geração Z com o mercado de trabalho, mas ao denúncias com mais profundidade uma problemática vista – e sentida – por muitos, não apenas na Inglaterra, mas ignorada com frequência pela grande massa corporativa: muitas pessoas estão trabalhando em cargos nos quais não fazem ideia de sua real utilidade, realizando demandas que não geram diferença alguma para pessoas que pouco se importam com tudo isso.

A fama do emprego corporativo

Sim, nós sabemos que, anos atrás, o emprego corporativo era muito valorizado. Conquistar uma oportunidade dentro de uma empresa nacional ou global e construir carreira era algo almejado pela maioria das pessoas. O problema não está nisso, exatamente. O ponto é que, com o avanço da tecnologia e atualizações do mercado, as empresas começaram a se reinventar de maneira que novos cargos foram surgindo para “tapar buracos” de burocracias que nem deveriam existir. 

E isso fez com que esse desejo pelo emprego corporativo deixasse de ser algo tão buscado pelas pessoas, principalmente das gerações mais novas. Com a pandemia, vimos o cenário corporativo mudar drasticamente. Cargos que pareciam ser insubstituíveis no presencial, simplesmente desapareceram no online, e as pessoas começaram a perceber que as atividades que antes precisavam de um dia inteiro para serem realizadas, poderiam ser feitas em 3h.

Após a pandemia, uma lacuna foi crescendo cada vez mais e, para tentar resolvê-la, os cargos se tornaram mais nomenclaturas de “vaidade” do que responsabilidades realmente efetivas que geram uma transformação real. E os profissionais, que antes fariam qualquer coisa para se manterem nesses cargos, passaram a buscar por atividades complementares que geram um senso maior de propósito.

O sistema paralelo

Não tem sido incomum vermos profissionais corporativos que também possuem atividades paralelas. Geralmente essas atividades tem a ver com demandas que geram mais senso de propósito.

Essa busca por um “sistema paralelo” é, no fundo, uma resposta saudável à sensação de trabalho vazio. A geração Z, em particular, não hesita em investir tempo e energia em projetos que se alinham aos seus valores, mesmo que o retorno financeiro inicial não se compare ao do emprego principal. Isso pode variar desde um pequeno negócio de artesanato, consultoria em áreas específicas, até a criação de conteúdo educativo ou socialmente relevante. O fundamental é que, nesse sistema, o indivíduo sente que o tempo gasto é significativo. O trabalho paralelo não é apenas uma “renda extra”; é um refúgio de significado, um lugar onde a contribuição pessoal é imediata e visível, e onde o propósito não é diluído em camadas de gestão e burocracia corporativa.

O crescimento da creator economy e a facilidade de monetizar paixões e hobbies online reforçam essa tendência, oferecendo uma alternativa tangível à estagnação percebida no mundo corporativo tradicional.

Qual é o papel das empresas

Aqui não se trata de banir esse sistema paralelo, mas sim, avaliar as atribuições dos indivíduos e entender se as demandas são reais ou apenas produto de um sistema burocrático.

O verdadeiro desafio para as empresas é reconhecer que a retenção de talentos não se dará mais apenas por meio de salários competitivos ou “cargos bonitos”. A longo prazo, a sobrevivência das corporações dependerá de sua capacidade de oferecer propósito intrínseco ao trabalho. Isso exige uma reengenharia radical.

1. Desburocratização e foco na entrega: As empresas precisam eliminar os bullshit jobs internos – aquelas tarefas e cargos criados apenas para manter a engrenagem burocrática funcionando. Isso significa questionar: esta atividade gera valor direto ao cliente ou à missão da empresa? Se a resposta for não, deve ser automatizada, simplificada ou eliminada.

2. Clareza de propósito: O trabalho de cada colaborador, do estagiário ao CEO, deve estar ligado a uma missão clara e tangível. As empresas devem comunicar como a tarefa diária de cada pessoa contribui para o propósito maior da organização e para a sociedade. A Geração Z não quer apenas “bater meta”; ela quer saber qual problema real está resolvendo.


3. Flexibilidade de atuação: Em vez de combater o “sistema paralelo”, as empresas podem adotá-lo. Modelos de trabalho mais flexíveis, com foco na entrega e não no horário, e até mesmo a permissão para que os colaboradores dediquem uma pequena porcentagem do tempo de trabalho a projetos internos de inovação (seguindo o modelo do “20% time” popularizado por algumas big techs) podem reintroduzir o senso de autonomia e propósito perdido.

Conclusão

O artigo de McCann é direcionado aos profissionais que se sentem sem um senso de propósito, mas aqui nós falamos com as empresas que têm o poder de transformar essa realidade.

O futuro do emprego corporativo não está na manutenção de estruturas repetidas, mas sim em se tornar uma plataforma onde o talento pode aplicar suas habilidades em problemas significativos, sentindo-se um agente de transformação, e não apenas uma engrenagem substituível.

O que os profissionais querem não são cargos com nomenclaturas bonitas, são atribuições genuínas onde eles possam gerar resultados importantes e sintam que suas capacidades intelectuais e comportamentais estão sendo levadas a sério. 

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