Se a sua empresa está em busca de novos talentos, mas tem encontrado dificuldade em reter os profissionais, talvez seja o momento de avaliar se o problema não está em um formato de trabalho engessado que não permite a inovação e o desenvolvimento de novas ideias.
‘Sempre fizemos assim’ não é cultura organizacional
Já falamos aqui sobre o poder do employer branding não só para a reputação positiva da marca, mas também para a retenção de talentos. Mas de nada adianta uma marca empregadora forte se o ambiente organizacional não proporciona um espaço saudável para que as pessoas trabalhem não apenas como executores, mas também, como peças-chave na geração de valor dentro da organização.
Não é novidade que as novas gerações e o avanço da tecnologia tem impulsionado mudanças significativas nos formatos de trabalho. O problema é que nem todas as empresas estão preparadas para aceitar ou, pelo menos, ouvir novas ideias.
Geralmente, os talentos esbarram no clássico ‘sempre fizemos assim’ diante de sugestões de melhoria, o que, a médio e longo prazo pode tornar o trabalho desestimulante. Principalmente em se tratando das gerações millennials e Z, que têm valorizado cada vez mais trabalhos que proporcionem senso de propósito e impacto social.
É importante frisar que todas as empresas possuem um modus operandi, mas isso não significa que não deva existir espaço para repensar novas formas para se chegar aos resultados que se almeja. E criatividade e senso de inovação são habilidades facilmente encontradas nas novas gerações de profissionais. Mas isso nem sempre é fácil de ser compreendido por aqueles que já estão há anos dentro de uma empresa fazendo uma determinada atividade, o que pode gerar conflitos.
Realmente existe espaço para a inovação?
Por vezes, a inovação é confundida com revolução tecnológica – e de fato, a tecnologia pode estar atrelada –, mas reduzir a isso apenas é limitar o poder da inovação. Por isso, é bem comum empresas se posicionarem como inovadoras apenas pelas iniciativas digitais que foram implementadas.
Porém, mais do que isso, queremos instigar você a pensar para além da tecnologia. A sua empresa permite espaços para pensar em novas formas de resolver problemas ou de avançar para novos resultados que ainda não foram atingidos ao longo dos anos?
Nós acreditamos fortemente em times diversificados que dialogam e criam juntos. Mas é papel da empresa gerar esses espaços e desenvolver, tanto os profissionais da casa, quanto os novos talentos, para que eles se sintam à vontade para pensar e sugerir soluções.
Estereótipos geracionais
Outra barreira que temos visto tem relação com os estereótipos de cada geração, baseados em um conjunto de características – algumas vezes, negativas – que impedem que as pessoas aceitem as ideias de talentos das novas gerações por conta de um pré-conceito estabelecido.
É muito fácil dizer que a geração Z não quer responsabilidade e é muito volátil. Mas essa generalização acaba impactando, mais do que se imagina, nas relações interpessoais e, consequentemente, na geração de ambientes que promovam a inovação.
É claro que cada geração possui o seu conjunto de características, visão de mundo e posicionamentos – que, em algum momento, podem se chocar –, mas não quer dizer que seja impossível criar um ambiente de aprendizado mútuo onde todos possam cocriar.
Ambos os lados precisam de adaptabilidade para entender suas diferenças e, ainda assim, encontrar formas de trabalharem juntos para chegar a resoluções efetivas para a equipe e empresa.
Inflexibilidade x competitividade de mercado
A ausência de flexibilidade pode ser um fator de grande impacto frente a outras empresas. Processos engessados, falta de diálogo e resistência à mudança podem gerar uma reputação errada diante do mercado, fazendo com que ela se torne cada vez menos atrativa e competitiva tanto para clientes e, principalmente, para talentos.
O mercado exige agilidade e adaptação constante. A evolução tecnológica tem feito com que o fluxo de informações seja atualizado cada vez mais rapidamente. Com isso, é fundamental que as empresas estejam atentas a essas mudanças para permanecerem competitivas.
Não importa quantos anos a empresa tenha, sempre há espaço para aprender, adaptar e evoluir. Mas essa cultura precisa ser desenvolvida internamente, senão vira apenas discurso bonito, mas vazio de ações realmente efetivas.
O papel da liderança na promoção da flexibilidade
Diante deste dilema, a liderança tem um papel fundamental para promover ambientes flexíveis que promovam a inovação. Conversar de forma transparente com seus liderados, colher feedbacks e criar momentos de criação de ideias podem ser ótimas formas de estimular a criatividade na resolução de problemas.
Quanto mais as pessoas sentem que são ouvidas, mais elas querem fazer parte daquilo e realmente contribuir com ideias práticas e efetivas. Por isso, os líderes precisam estar atentos às suas equipes e compreender que inovação não nasce apenas de grandes investimentos, mas também da abertura para enxergar valor em cada sugestão apresentada.
No fim das contas, o ‘sempre fizemos assim’ não afeta apenas a motivação dos profissionais, mas também a sustentabilidade do negócio. Empresas que não se adaptam às transformações do mercado correm o risco de perder relevância, de ver talentos estratégicos saindo para organizações mais abertas e de ficarem presas em modelos que já não entregam os mesmos resultados.
Promover flexibilidade não significa perder identidade, mas sim garantir que a cultura organizacional seja um organismo vivo, capaz de aprender, se transformar e crescer com as pessoas que a compõem. Afinal, é dessa troca constante que surgem as ideias mais potentes e as inovações que realmente colocam uma empresa à frente da concorrência.

